MANIFESTO DA PASTORAL DA JUVENTUDE NACIONAL CONTRA O GOLPE PARLAMENTAR NO BRASIL

A Pastoral da Juventude nasceu democrática num país sem democracia. Os idos dos anos 70 ainda eram marcados pela tortura e autoritarismo que vitimaram tantos sonhadores e sonhadoras. Somos filhos e filhas da JAC, JEC, JIC, JOC E JUC. Somos filhos e filhas da revolução do amor e da comunhão evangélica das Comunidades Eclesiais de Base e da Teologia da Libertação.

E, neste sentido, não podemos negar o sangue derramado pelos e pelas que nos precederam. A eles e elas tributamos: continuamos ao lado da Democracia! Este foi o grito dado em resposta aos atentados às conquistas democráticas e das minorias de nosso país, reforçado no dia 18 de março de 2016 quando a Coordenação Nacional da PJ lançou nota em favor da democracia, em virtude do contexto turbulento de crise política e do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Este processo findou hoje, fatídico 31 de agosto, culminando com a saída da presidenta eleita democraticamente e a ascensão de um grupo usurpador ao poder.

Queremos desta forma, com os corações feridos, dizer: a PASTORAL DA JUVENTUDE NACIONAL NÃO RECONHECE O GOVERNO QUE SE INSTAURA NA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Consideramos que o processo de impeachment representa um golpe parlamentar, jurídico e midiático. Ele leva ao poder um grupo político que não coaduna com o projeto vencedor nas urnas no pleito eleitoral de 2014.

Este grupo é o retrato histórico de uma elite conservadora e que sempre se associou aos ideais liberais de entreguismo do continente latino americano. Ela ameaça as conquistas populares recentes, flertando com políticas privatistas e corte de direitos.

Ressaltamos que nosso posicionamento não visa a defesa de nenhum governo, tampouco de nenhum partido, mas sim do Estado Democrático de Direito e, especialmente, das garantias constitucionais ameaçadas pelo grupo ministerial que assumiu recentemente o país.

Denunciamos, desta forma, a postura autoritária do governo golpista e rechaçamos o desmonte já iniciado com relação às políticas públicas e sociais, especialmente às nossas bandeiras históricas das Políticas Públicas de Juventude. Não reconhecemos nenhum membro deste grupo, uma vez que eles representam retrocesso e praticam um atentado às conquistas democráticas de nosso país. Por não reconhecer, também não faremos nenhum diálogo com qualquer que seja o ministério ou secretaria ligada a esse governo.

Seguiremos firmes com os movimentos populares e juvenis, entidades, grupos e associações que se colocam nas ruas para o reestabelecimento da Democracia, hoje duramente golpeada. Prezamos a pluralidade de ideias, o compromisso com a vida das Juventudes e o projeto de um país mais igualitário, humano e justo; e juntos e juntas queremos zelar por essas lutas.

Conclamamos os grupos de base de todo país a rezarem o momento político e se inspirarem na Palavra, que oferece resistência, resiliência e luz para dias difíceis. Não deixemos cair a profecia e nem a coragem de mudar. Vamos semear o amor e lutar por justiça!

Que a força do discipulado seja nosso elo de união: não nos calaremos!

“Chora a nossa Pátria mãe gentil
Choram Marias e Clarisses
No solo do Brasil”
(O bêbado e a equilibrista – Elis Regina)

 

São Paulo/SP, 31 de agosto de 2016

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