AÇÃO E ALEGRIA : O VERDADEIRO NATAL SE APROXIMA !

A Liturgia do 3º Domingo do Advento – “Domingo Gaudete”, também chamado de “Domingo Róseo”, nos convida à alegria, apresentando-nos um “aperitivo do Natal”. Numa realidade cinzenta e confusa, imersos numa crise política e econômica que maltrata a todos, principalmente os empobrecidos, o que temos feito, concretamente, que possa representar uma amostra da alegria para o nosso povo?

Por Laudelino Augusto 

Na 1ª Leitura, Isaías anima o povo que estava exilado, convidando-o à alegria, a dar gritos de júbilo pela libertação que está para chegar. Para aquele povo e para nós, hoje, também exilados e vítimas da corrupção e de desmandos, Isaías propõe: “Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: ‘criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, … , é ele que vem para vos salvar’!” (Is 35, 1-10).

Na 2ª Leitura, São Tiago nos anima comparando com o agricultor que planta, espera a chuva e o precioso fruto da terra: “Também vós, ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima.” (Tg 5, 7-10).

No Evangelho, João Batista manda perguntar a Jesus: “És tu, aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?” Jesus responde, não com palavras mas com ações concretas, demonstrando que o povo está sendo libertado. (Cf. Mt 11, 2-11). Esta pergunta é dirigida, hoje, para nós cristãos: “São vocês os que deviam vir ou devemos esperar outros?”. O que temos feito concretamente para responder ao povo? Ou, será que estamos omissos diante da situação ou até mesmo coniventes com o sistema que domina e gera a miséria e o sofrimento? Ou, estamos entre os alienados pelas mídias vendidas ao sistema?

Nossos pastores nos ensinam que “é missão do povo de Deus assumir o compromisso sociopolítico transformador, que nasce do amor apaixonado por Cristo. ( … ) A participação consciente e decisiva dos cristãos em movimentos sociais, entidades de classe, partidos políticos, conselhos de políticas públicas e outros, sempre à luz da Doutrina Social da Igreja, constitui-se num inestimável serviço à humanidade e é parte integrante da missão de todo o povo de Deus.” (CNBB 105, 161-162). No item 163, nos interpelam a assumir a cidadania em toda a sua amplitude, afirmando que “Esta cidadania brota do coração mesmo da missão da Igreja, inspirada no núcleo do Evangelho, o mistério da Encarnação: ‘a Palavra se fez carne e veio morar entre nós’ (Jo1, 14).”

Com relação à amostra de alegria que surge justamente das ações concretas, é necessário frisar que a raiz desta alegria está na Boa Nova de que Deus se fez Homem, nosso Irmão. Não se trata, em hipótese alguma, da “alegria” passageira, postiça, enganadora dos presentes, “papais noéis”, ceias e demais produtos de consumo. Trata-se da Alegria pura e simples do compromisso com o Projeto de Deus que é “vida em abundância para todos”. (Jo 10, 10).

No dia 10 de dezembro, celebramos os 68 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A luta e a conquista destes Direitos, hoje tão ameaçados, se constituem, certamente, numa amostra de alegria e um aperitivo do que será a sociedade justa e solidária, sinal do Reino que sonhamos e construímos.

Laudelino Augusto
Cristão Leigo – Agente de Pastoral e membro da CAP (Comissão de Assessoria Permanente do CNLB)

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