Acontece nos dias 23 e 24 de janeiro, em Londrina no Paraná, o Seminário das CEBs do Brasil cujo tema é “OS DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO DAS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE”. Com a assessoria de Pe. Edson André Thomassin refletiu-se sobre “Os desafios da Comunicação das Comunidades Eclesiais” a partir de duas metáforas da comunicação: o “relógio” – que expressa a ideia do tempo e nos questiona como funciona nossa comunicação; a “Ilha” – que lembra a ideia de espacialidade, de lugar, território e nos questiona o que comunicar desde onde nos colocamos.
Por Marilza Schuina (Presidente do CNLB)
No trabalho de cochicho dois a dois, dividiu-se a imagem do relógio em 4 partes temporais, para refletir quatro questões:
1- como vc se comunica?
2- como sua comunidade se comunica?
3- como as pessoas, a sociedade em geral, se comunicam?
4- como as CEBs do Brasil se comunicam?
No trabalho de grupos e plenário, a metáfora da Ilha foi a inspiração para o debate:
ILHA: – Desde de onde partimos com nossa comunicação?
CONTINENTE: – Com quem queremos interagir, dialogar…
MAR-OCEANO: Contexto/realidade com toda a sua complexidade – Os Cenários Eclesiais e Sociais/políticos.
Aprofundando o debate, refletiu-se sobre:
1- “CAMINHOS DE COMUNICAÇÃO PARA UMA CULTURA DO ENCONTRO E DA VIDA” com Pe. Edson.
- A comunicação depende de como as relações são estabelecidas;
- A comunicação é diálogo e pode ser transformadora;
- Na comunicação não pode haver manipulação;
- A internet altera tecnicamente as formas convencionais de comunicação;
- A rede social ganhará um impulso maior com a adesão de todas as faixas sociais e etárias;
E para as CEBs:
- Compreendemos que a comunicação tem relevância especial
- Qual a intencionalidade do tema da comunicação nas CEBs?
- A comunicação é uma agenda política e estratégica
- Quais os instrumentos de comunicação?
- Quais os horizontes da comunicação?
- O que dizer? Com quem dizer?
- Quem dizer? Com quem dialogar?
- Como dizer?
2- “ARTE E ESPIRITUALIDADE DA MISSÃO” com Anderson e Antônio Baiano.
A arte é reflexo de contextos de vida, de culturas; é uma forma de externar nossa compreensão de nós mesmos e do mundo, às vezes de conformação a determinados conceitos ou mesmo de transgressão;
A arte está ligada à forma de vivenciar a fé nos seus valores e sua ética;
Jesus é o mestre na “arte de viver” – Jesus falava o que fazia e fazia o que falava…;
Não existe neutralidade política na vida, muito menos na arte;
A arte nas CEBs – novas cores, sons e ritmos, novo modo da Igreja ser, terreno fértil para expressões artísticas;
A arte ocupa seu lugar – se faz presença pela sua capacidade de ser, ela mesma, um sujeito de comunicação e interatividade.
3- “A COMUNICAÇÃO NAS PERIFERIAS” com Pe. Luiz Miguel.
Pouca gente está convencido de que as Cebs é um jeito válido de ser Igreja, infelizmente. Mas não podemos deixar de comunicar isso. Será que nas periferias não existem histórias que valem a pena serem contadas?
Ver n. 271, Doc. sobre o laicato: aquilo que não é comunicado não existe.
Somos desafiados a dar a conhecer aquilo que faz parte da vida do povo. Como cristãos temos o desafio de mostrar ao mundo as esperanças no mundo onde muitos só querem comunicar coisa ruim. Na grande mídia só mostra coisas ruins da periferia. Será que lá não acontece coisas boas, não tem sinais de esperanças?
Comunicar é mais do que repetir palavras. É transmitir situações vitais e fazer as pessoas se interessarem por elas. Como podemos ver N. 270 do Doc 105 da CNBB sobre o Laicato – aquilo que não é comunicado, não é conhecido.
A comunicação é divina. Deus se comunica… A comunicação é essencial para a pessoa humana como é para Deus. Nossa comunicação é fraca. A usamos para doutrinar o povo e não para a consciência crítica. Como CEBs esse é um grande desafio: ajudar o povo a ter consciência crítica, a ter postura. O problema que a comunicação é instrumento de poder. No Brasil, a mídia conseguiu convencer o povo que a Dilma era ruim. A mídia não pode ser instrumento de poder. Já mostramos ao povo que o que aparece na grande mídia vai contra o que ele vivencia no dia-a-dia. Na grande mídia, o povo das periferias não presta.
A internet é um dos melhores meios de comunicação que existe. A internet populariza a comunicação, provoca medo… o governo quer controlar a internet para o povo não se manifestar.
Acontece muitas coisas nas CEBs do nosso Brasil e, praticamente quase nada é conhecido. É preciso comunicar ao mundo aquilo que faz viver bem de outro jeito.
As mudanças permanentes nunca vêm de cima para baixo. Comunicar para entender que a história pode ser mudada a partir dos pequenos. Neste segundo dia, segue o planejamento sobre a Comunicação das CEBs do Brasil e o que queremos e como queremos comunicar o Intereclesial e as CEBs do Brasil.
