Papa nomeia duas leigas para postos centrais na Cúria Romana

O Papa Francisco nomeou duas italianas como subsecretárias do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, departamento presidido pelo Cardeal Kevin Farrell.
A reportagem é de Gerard O’Connell
O Vaticano fez o anúncio no dia 7 de novembro, e deu os nomes e perfis profissionais delas: a professora Gabriella Gambino e a doutora Linda Ghisoni. Elas agora se tornam autoridades de terceiro escalão no referido dicastério e são mais uma prova da determinação do papa em designar cargos importantes para mulheres na Cúria Romana.
Gambino e Ghisoni já colaboraram profissionalmente com o Pontifício Conselho para os Leigos, de 2013 a 2016, então poderão assumir os respectivos postos a todo vapor, por assim dizer.
No anúncio, o Vaticano informa que o papa nomeou a professora Gambino, de 49 anos, para ser a subsecretária do departamento para a vida deste dicastério. Natural de Milão, ela se formou em ciência política pela Universidade de Milão em 1995 e, em seguida, cursou doutorado em bioética pelo Instituto de Bioética da Universidade Católica do Sagrado Coração, em Roma.
De 2001 a 2007, lecionou e coordenou pesquisas em bioética na Libera Università Internazionale degli Studi Sociali, em Roma. Em 2002, foi nomeada especialista científica do Comitê Nacional de Bioética, órgão anexado ao gabinete do primeiro-ministro italiano. Colaborou com o Pontifício Conselho para os Leigos e com a Pontifícia Academia para a Vida entre os anos de 2013 a 2016, e em 2017 foi professora visitante do instituto de bioética da Universidade Católica de Salvador.
Na época de sua nomeação, Gambino era professora de bioética na faculdade de filosofia da Universidade de Roma Tor Vergata e professora pesquisadora associada da faculdade de jurisprudência da mesma instituição, bem como professora do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família e da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma. É casada e mãe de cinco.
 
Francisco também nomeou a Dra. Linda Ghisoni, de 52 anos, como subsecretária para o mesmo dicastério voltado aos leigos, à família e à vida.
Nascida em Piacenza, no norte da Itália, Ghisoni formou-se em filosofia e teologia pela Universidade de Tübingen, na Alemanha, em 1991, e doutorou-se em direito canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, em 1999. Após isso, recebeu o diploma em Práxis Administrativa pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, em 1994, e um segundo diploma de advogada no Tribunal da Rota Romana, em 2002. É casada e mãe de duas filhas.
Com suas qualificações, Ghisoni atuou numa ampla gama de papéis, tanto no Vicariato de Roma quanto no Tribunal da Rota Romana, onde lidou com os casos de anulação matrimonial. Ela colaborou com o Pontifício Conselho para os Leigos de 2013 a 2016 em estudos especializados relativos aos leigos na Igreja.
Na época da nomeação, atuava como juíza do tribunal matrimonial do Vicariato de Roma, professora de direito canônico da Gregoriana e professora no departamento de direito da Universidade Roma Tre.
Quando conservei com o Cardeal Farrell alguns meses atrás, ele enfatizou que “os leigos têm uma vocação a ser desempenhada na Igreja”. Como Francisco, disse ele, “estou firmemente convencido de que o futuro da Igreja depende deles”, acrescentou o Cardeal, para completar: “Sempre senti a necessidade de promover os leigos dentro da Igreja e dentro de sua organização”.
Na entrevista, o cardeal enfatizou o fato de que os novos estatutos do dicastério propõem que leigos qualificados assumam postos-chaves. O prefeito deve ser um cardeal, mas o secretário – posto número dois – poderia ser dado a um leigo, disse, porém “A pessoa que dirige o departamento dos leigos tem que entender tudo sobre movimentos dentro da lei da igreja e de direito canônico”. A nomeação de Ghisoni, hoje, preenche estes critérios.
Estas duas nomeações são as mais recentes desde que o Papa Francisco estabeleceu o novo dicastério vaticano para os leigos, a família e a vida, incorporando, num único departamento, três conselhos que eram, antes, independentes entre si. Ele em seguida começou a reforma deste novo dicastério. Deu a si um tempo para nomear leigos a postos centrais e para internacionalizar o departamento. Porém, como o cardeal havia me dito, “tem sido uma briga encontrar leigos competentes para preencher estes cargos”.
Em maio passado, Francisco nomeou o padre brasileiro, de 46 anos, Alexandre Awi Mello, diretor nacional do movimento Schoenstatt no Brasil, a quem veio a conhecer na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, para ser o secretário desse departamento.
Naquele mesmo mês, o pontífice nomeou a espanhola Marta Rodriguez, leiga consagrada do Regnum Christi (grupo de leigos da Legião de Cristo), então diretora do Instituto de Altos Estudos das Mulheres, do Ateneu Pontifício Regina Apostolorum (dos legionários de Cristo) em Roma, para ser a primeira diretora do departamento para assuntos da mulher no novo dicastério.
O Papa Francisco deverá fazer outras nomeações também, provavelmente antes do Natal
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