Advento: Sinais de Esperança e de Alegria

Nesta terceira semana do Advento, a Liturgia nos convida à esperança e à alegria. O domingo é chamado “róseo” e nos traz como que um “aperitivo”, uma pequena amostra do que será o Natal que se aproxima.

Por: Laudelino Augusto

Tudo o que celebramos com palavras, gestos, símbolos, cânticos e cores na Liturgia, precisa estar acontecendo na vida. Afinal, precisamos “celebrar o que vivemos e viver o que celebramos!” O que temos feito que representa uma amostra de esperança e de alegria, especialmente para o povo tão sofrido? O que já existe de “róseo” na realidade cinzenta e sombria em que sobrevivemos no Brasil e no mundo?

O Concílio Ecumênico Vaticano II, no Documento ‘Gaudium et Spes’, sobre a Igreja no mundo de hoje, afirma: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e angústias dos discípulos de Cristo”.(GS 1). Nós, cristãos, seguidores de Cristo, temos que ser “portadores e animadores da esperança do Reino em nosso país. Esta esperança é alimentada e revigorada pela mobilização do povo simples, em cujo seio brotam ações solidárias em vista da superação da miséria e da marginalização de que é vítima … Nessa mobilização dos pobres, a Igreja percebe a presença viva, atuante e libertadora do próprio Senhor Jesus, reconhecida explicitamente e testemunhada sobretudo nas Comunidades Eclesiais de Base”. (CNBB 38, 66).

Aqui, caríssimos/as, encontramos um pouco da esperança e da alegria que nascem e crescem no meio popular, destinatário do Evangelho: “Enviou-me para levar a Boa Nova aos pobres …” (Is 61 – lª Leitura). São as CEBs, pastorais sociais, movimentos eclesiais e populares, sindicatos combativos, conselhos, movimentos de mulheres, negros, portadores de necessidades especiais, índios, sem-terra, catadores de materiais recicláveis e tantos outros que representam uma luz no final do túnel e dão um tom róseo de esperança e de alegria na realidade de hoje. Lembramos os recentes encontros mundiais dos Movimentos Sociais promovidos pelo Vaticano em que o Papa Francisco falou da “torrente de energia moral que surge da incorporação dos excluídos na construção do destino comum”.

Nestas perspectivas, podemos encarnar o que nos diz São Paulo na 2ª Leitura: “Vivam sempre alegres! Rezem sem cessar! Em tudo sejam agradecidos!” (I Tes 5, 16). A raiz desta alegria está na Boa Nova de que Deus se fez Homem, nosso irmão. Mas, só desfrutamos desta alegria se nos fizermos irmãos dos pobres e excluídos. Não se trata, em hipótese alguma, da “alegria postiça”, passageira, enganadora, dos presentes, papais noéis, ceias, cartões e demais produtos de consumo. Trata-se da Alegria pura e simples do compromisso com o “projeto de Deus que se prefigura no projeto dos pobres”.(CNBB 38, 64).

Que, neste Ano Nacional do Laicato, em que queremos “celebrar a presença e a organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil; aprofundar a sua identidade, vocação, espiritualidade e missão e testemunhar Jesus Cristo e seu Reino na sociedade”, façamos crescer a esperança e a alegria para que o Natal seja uma realidade vivida no hoje da história. Expressamos, também, nossa solidariedade e compromisso com os trabalhadores e trabalhadoras em “greve de fome contra a ‘reforma’ da Previdência”.

Conversão, esperança e alegria: o Natal aconteceu, acontece e acontecerá, na dinâmica libertadora da Páscoa!

Laudelino Augusto
Cristão Leigo – Agente de Pastoral

plugins premium WordPress