Vice presidente da CNBB do Regional Sul 1 abriu a coletiva de imprensa do Grito dos Excluidos

“Entra ano e sai ano e a cada semana de setembro o Grito está presente. A luta nunca foi fácil, mas o Grito vem resistindo”. Com essas palavras, dom Pedro Luis Stringhini, bispo da Diocese de Mogi das Cruzes, vice-presidente do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abriu a coletiva de imprensa nacional do 21º Grito dos Excluídos e Excluídas, ocorrida na tarde desta quinta-feira, 3 de setembro, em São Paulo.

Por: Assessoria de Imprensa do Grito (SP)

SÃO PAULO – Com o lema “Que país é este que mata gente, que a mídia mente e nos consome?” e o tema “A vida em primeiro lugar”, a mesa formada na coletiva procurou aprofundar estes eixos bastante urgentes na atual conjuntura do povo brasileiro. Assim, estiveram presentes, além de dom Pedro, o jornalista Altamiro Borges, autor de “A Ditadura da Mídia”; o presidente da União Social dos Imigrantes Haitianos, Fedo Bacourt; Rosilene Wansetto, da Coordenação Nacional do Grito e Rede Jubileu Sul Brasil, e Antonia Carrara, da Pastoral Operária e Romaria dos/as Trabalhadores/as.

O bispo de Mogi das Cruzes acrescentou que o lema do Grito nos remete a uma provocação e reflexão, onde é necessário saber o real papel do Estado. Salientando todo apoio da CNBB à manifestação popular, dom Pedro fez alguns questionamentos. “Que país e esse que não dá conta de implementar medidas, reformas políticas, agrárias, financeiras que ajudem ao povo? Democracia implica em participação, em distribuição de renda, em direitos iguais para todos”, afirmou.

Ele também acrescentou que no contexto atual em que estamos é importante saber como o povo se coloca, qual o lugar do povo. “É importante saber como estamos nesse contexto. Nós não estamos do lado daqueles que têm medo da democracia, que não aceitaram os resultados da eleições. A igreja, com as pastorais sociais, quer apoiar a parte crítica do Brasil que quer dar mais direitos ao povo. Então vamos valorizar o Grito, levar às ruas”, disse.

Rosilene Wansetto falou sobre a importância e urgência de unir os generosos e generosas – um dos eixos de trabalho desta 21ª edição. Para ela, o lema deste ano é bastante sugestivo para o momento atual. “É nas ruas que construímos as lutas. Construir espaço de participação, de ação, exigir que o estado garanta acesso aos direitos básicos. O Grito vem com essa proposta de unir as pessoas que querem construir um projeto melhor e diferente para o país”.

Ela fez referência aos eixos trabalhados nesta edição do Grito – ao todo foram sete: “Unir os generosos e generosas”, “Direitos Básicos”, “Desmentir a Mídia”; “As diferentes formas de violência”; “Função do Estado”; “Participação Política” e “A rua é o lugar”. Mencionou ainda que o Grito é um processo, é um crescente, um avanço. É uma articulação, não é um evento. “Ele não começa na Semana da Pátria e nem termina do dia 7 de Setembro. É construído dia a dia”, ressaltou.

Já Antonia Carrara falou que existem dois elementos fortes: a fé e o trabalho, lembrando que a Romaria dos Trabalhadores/as ocorre em sintonia com o Grito dos Excluídos e Excluídas por todas as demandas que têm em comum pelo fortalecimento da justiça e vida digna a cada um e a cada uma que trabalha.

Numa observação, falou que não interessa para o patronato e até para alguns sindicatos usar a expressão “classe trabalhadora”. “Essa expressão anda meio em desuso porque incomoda. Mas nós lembramos sempre que somos uma classe para não cair no erro primário de não reconhecer isso. Trabalhador é todo aquele que produz. Não há vida se não há trabalho”, argumentou.

A Romaria, acrescentou, não resolve os problemas sociais, mas aponta sinais. Segundo ela, a religiosidade popular é força interna essencial na luta, com certeza.

No que diz respeito à questão da mídia, determinante no lema do Grito deste ano de 2015, o jornalista Altamiro Borges lamentou que uma manifestação popular da magnitude e importância que tem o Grito dos Excluídos e Excluídas não tenha espaço na chamada grande imprensa.

“O Grito tem uma grande importância na história dos trabalhadores brasileiros, daqueles que são maltratados. Mas a mídia centrou os holofotes no retrocesso. Chegou a fazer os roteiros das manifestações que representam um retrocesso. O Grito é invisibilizado por essa mídia. Essa é uma estratégia dessa mídia, ela invisibiliza, criminaliza…é uma pena que o Grito não tenha essa presença”, falou.

Também fez críticas à mídia brasileira no que diz respeito à violência, afirmando que a mesma não ajuda. “Primeiro porque ela deforma os comportamentos e depois porque desinforma…o que a mídia mais faz é incentivar o consumismo e esse consumismo é um incentivador da violência”, falou.

O Brasil há tempos vive um fenômeno crescente de migração. O resultado disto é xenofobia, preconceito, racismo. Representando o povo haitiano que está chegando ao Brasil em busca de melhores condições de vida, Fedo Bacourt, presidente da União Social dos Imigrantes Haitianos, reforçou que os haitianos não querem “roubar empregos dos brasileiros”, mas fazer o país crescer e vencer.

“A migração é uma crise mundial. Estamos aqui para ter melhores condições de vida. Estamos passando por muitas dificuldades tanto em nosso país de origem como aqui no Brasil. Para nós o Brasil é um país amigo. Por isso nós pedimos socorro”, disse.

Lembramos que há 11 anos o Brasil lidera a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (MINUSTAH), alvo de muitas denúncias de violações aos direitos humanos e à soberania da nação haitiana.

De São Paulo,da Assessoria de Imprensa do Grito, Rogéria Araujo. Foto: Renato Papis

plugins premium WordPress