CNLB Elege nova presidência e, reconduzida, Sônia Gomes fala sobre os novos desafios

Com o tema “Sinodalidade e Missão: cristãos leigos e leigas em saída para as periferias”, o Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) retomou a realização de encontros presenciais com a sua 40ª Assembleia Geral (AGO) Ordinária em São Luís (MA), de 16 a 19 de junho. Cerca de 200 pessoas de todo país participaram deste momento.

O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo enviou uma carta aos participantes do encontro que definiu como um “acontecimento histórico no coração da Igreja no Brasil”. Dom Walmor reforçou que a missão de encontrar cada pessoa nas periferias geográficas e existenciais exige,  ainda mais, o envolvimento de cristãos leigos e leigas, que constituem a maioria do Povo de Deus e, por isso mesmo, são “principal força evangelizadora de nossa Igreja”.

Durante o encontro, marcado por uma significativa presença de bispos do regional, o CNLB fez uma cerimônia de entrega de uma placa em homenagem aos 70 anos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Também participaram da assembleia, o bispo de Tocantinópolis e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB, dom Giovane Pereira de Melo, e o professor Laudelino Azevedo, assessor da Comissão.

Nova direção

Na sexta-feira, dia 17 de julho, os participantes da 40ª Assembleia Extraordinária reelegeram Sônia Gomes de Oliveira como presidente do CNLB para a Gestão 2022-2025. Além de Sônia Oliveira, ao centro na foto acima de capa, compõem esta executiva a Vanda Maria de Carvalho, eleita vice-presidente; Márcio Oliveira, secretário-geral; Patrícia Cabral, secretária-adjunta; tesoureiro-geral, Adriano Massariol e tesoureira-adjunta, Rejane Gaia. Abaixo, segue uma entrevista que a Sônia Gomes de Oliveira concedeu ao portal da CNBB. Ela fez um balanço da sua gestão à frente do CNLB e dos desafios para a atuação do laicato na Igreja no Brasil.

Balanço que faz da gestão que termina?

Creio que apesar de termos feito uma gestão no período da pandemia, foi uma gestão que conseguiu ser dinâmica e criativa. Diante do isolamento, fomos buscando alternativas com a comunicação on-line, com reuniões, lives formativas e elaboração de materiais formativo com arte virtual que aproximou e facilitou acesso aos nossos materiais. Fizemos parcerias que aproximaram o CNLB de outros grupos e parceiros. O destaque que demos foi ao “Pacto pela Vida e pelo Brasil” que conta o número de mais de 6 mil multiplicadores somente neste tempo recebendo e multiplicando dados. Depois a primeira Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe que nos motivou a fazer escutas e diálogos a partir de rostos da Igreja e sociedade.

Que traços de Esperança destaca da atuação da Igreja no Brasil?

Este momento da Igreja no Brasil inclusive nesta nossa Assembleia destacamos alguns pontos como a realização da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que coloca toda a Igreja e o laicato para perceber e retornar o olhar para o Documento de Aparecida, neste 15 anos desde a Conferência. Que possamos voltar ao que nos pede e entender a nossa missão de discípulos missionários com rostos sofridos que são apresentados ali. Aparecida aponta o caminho que devemos seguir: as periferias existenciais e geográficas. O processo do Sínodo 2023, desde que não fiquemos somente na escuta, mas que tenhamos coragem de chegar aos mais pobres para escutar e buscar soluções conjuntas. O Sínodo para Amazônia que nos aponta com os sonhos do Papa Francisco para o bioma, um caminho para uma igreja comprometida com a Ecologia Integral. Outro sinal de esperança é que o laicato que tem percebido a sua identidade, vocação e missão e está retornando a um caminho de uma espiritualidade encarnada com a vida com as periferias geográficas. Que precisamos viver o evangelho e em Jesus Cristo e para isto precisamos caminhar juntos, por isto a vez agora é de ‘Sinodalizar’.

Quais desafios o CNLB levanta para atuação do laicato na Igreja no Brasil nos próximos anos?

Um dos desafios é fazer o laicato descobrir a sua vocação, entender a sua missão de corresponsável na Igreja, sendo sinal e testemunhas. Para isto, precisamos vencer o clericalismo que vem dos dois lados, se não o vencermos não conseguiremos viver o evangelho de Jesus e estaremos traindo a missão. Um caminho para isto, é avançarmos para a realização em nosso país de uma Assembleia Eclesial do Brasil. Outro desafio para o laicato é não separar a fé e a vida. Dentro disto, devemos superar a visão de que a atuação na política não é para os cristãos leigos e leigas. Enquanto estivermos com este discurso não estaremos gerando vida especialmente aos que mais precisam. Devemos assumir a concepção de fazer da política como a “melhor política”, reencantando o laicato sobre a sua missão também de atuar na sociedade e na política, gerando vida, buscando garantir políticas públicas pensadas a partir do coletivo e do bem do povo. Muitas vezes reclamamos deste ambiente, mas não participamos dele ou disseminamos ideias erradas sobre a política que favorecem aos que têm a política como carreira e não como serviço. Temos muitos ambientes da sociedade no qual estamos atuando mas não estamos vivenciando o nosso batismo. Este também é um grande desafio, entender que o ensino social de nossa Igreja nos pede que estejamos no vasto e complicado mundo, não só da política. Uma atuação que gere vida, transformação, políticas públicas, controle social, etc. O nosso testemunho é fundamental. São desafios ainda desenvolver um processo de formação do laicato, aproximar-se das juventudes e ampliar o diálogo social. Nosso encontro aponta que caminho é este e é por aqui que se deve ir.

Que elementos do magistério do Papa Francisco o CNLB reforça para atuação do laicato no próximo período?

Creio que vencer o clericarismo que o Papa apontou como um mal. Precisamos de uma igreja que seja circular não piramidal. Depois, creio que tudo que o Papa Francisco tem apontado cabe a nós leigos e leigas porque entendemos este processo como parte da nossa vocação, entenderemos nossa missão que é testemunhar Jesus Cristo. Testemunhar Jesus é descer para as periferias geográficas, perceber os pobres e nos enlamear onde estão ecoando os gritos e que muitas vezes ficamos parados em tantas burocracias e afastando-nos do essencial. Outro elemento que destaco como importante é assumir a Ecologia Integral que nos convoca a assumir e a defender a vida em seu todo o seu processo. Para isto, precisamos ser proféticos, não ter medo de apontar onde está o erro, salvar a Casa Comum e os povos e comunidades tradicionais deixando nos encantar por uma economia que gere vida e não uma economia que mata. Só vamos conseguir isto se conseguirmos entender que Francisco nos pede o simples que nós perdemos ser Igreja comprometida com os pobres.

plugins premium WordPress